Entrevista do pianista francês Simon Ghraichy [fr]

Simon Ghraichy será o próximo convidado das Quartas Musicais, evento organizado pelo Conservatório de Música do Estado de Pernambuco.

Na ocasião, o jovem pianista apresentará um repertorio original e moderno, interpretando compositores como Villa-Lobos, Lecuona, Marquez, Gottschalk et Albeniz no dia 11 de março, às 19h30 no Auditório Cussy de Almeida do Conservatório do Estado de Pernambuco.

Além desse recital, ele animará também uma masterclass dia 12 de março, momento imperdível de encontro e trocas para os pianistas de Recife.

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Photo de Simon Ghraichy
©Antonin Menichetti


1/ É a sua primeira vez no Brasil ?

Não, já estive 4 vezes no Brasil.

Já toquei duas vezes no Rio de Janeiro. A primeira vez foi em 2009, quando ganhei um prêmio no concurso nacional BNDES, o concurso do Banco do Brasil. Esse momento foi incrível para o jovem artista que eu era naquela época. Tinha 21/22 anos naquele momento. Desde então, fui convidado outras duas vezes para tocar no Brasil, o que me permitiu aproveitar e visitar um pouco mais o país.

2/ Durante seu recital em Recife, você vai interpretar várias peças ibero-americanas. Qual é sua relação com essa tradição musical?

Tenho origem mexicana e libanesa, mas cresci na França. Musicalmente, me sinto próximo das minhas raízes latino-americanas e pude aproveitar as minhas viagens na América Latina para descobrir compositores de música erudita da região, como Villa Lobos, que gosto muito de tocar.

Esses artistas me representam bem musicalmente, com os seus ritmos, o seu frescor, a sua alegria de viver, acompanhados de um pequeno toque de nostalgia típica da cultura latino-americana.

3/ Como você descreveria a sua relação com a cultura brasileira e latino-americana?

Me sinto como em casa no Brasil e, de maneira mais geral, na América Latina, região na qual viajei bastante. Os países daqui me recebem sistematicamente com muito generosidade, quer seja musicalmente ou humanamente.

Em relação às minhas origens, eu não acho que possa ser por vezes libanês, por vezes mexicano e, em outras, francês. Para mim, se trata melhor de uma coabitação dessas três culturas. Em consequência, um lado latino-americano e, mais precisamente, mexicano se exprime sempre na minha música e em qualquer um dos meus comportamentos do quotidiano.

4/ Você acha que quebra uma certa imagem estereotipada e elitista da música erudita com o seu look e suas escolhas musicais?

Quero coabitar com as pessoas do meu tempo. Não é porque toco Beethoven ou Liszt que devo me parecer com eles, mesmo se eles eram muito bonitos nos seus estilos e épocas.

Sou um rapaz do século XX e milito muito para que esse estereótipo da música erudita mude. Toda música deveria ser acessível para todos, quer seja na programação, no preço do ingresso ou na relação com o músico, o palco, a sala de concerto. Os limites deveriam se alargar de maneira a sensibilizar novos públicos. Quero envelhecer com meu público e saber que, em 50 anos, se tudo se passar bem, terá pessoas nas salas que vou reconhecer, pessoas essas que terão feito uma parte do caminho comigo.

Recital :
Local : Auditório Cussy de Almeida do Conservatório do Estado de Pernambuco
Data : 11 de março às 19h30
Gratuito

Masterclass
:
Local : Auditório Cussy de Almeida do Conservatório do Estado de Pernambuco
Data : 12 de março – 14h – 15h30
Gratuito e aberto ao publico

publicado em 01/04/2020

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